Considerando a eclosão da pesquisa na estrutura, organização e funcionamento cerebral, podemos esperar que, tal como sua irmã, a "ginástica física", a ginástica cerebral também se tornará uma área de investigação científica completa. A razão é porque o conceito de aptidão cerebral parece atravessar vários conceitos principais (como a aprendizagem, a plasticidade e o entorno) na área da pesquisa cerebral.

Ginástica cerebral
O que é, definição e exercícios para praticar a ginástica cerebral
Acesse os exercícios de avaliação clínica do cérebro
Estimule e ajude a fomentar o treinamento do cérebro
Ajude a regenerar e recuperar as funções danificadas. Experimente grátis!
Abaixo aparece uma definição provisória do conceito de ginástica cerebral. "Ginástica cerebal é a capacidade que possui o cérebro para aprender quais são as necessidades do organismo e sobreviver em ambientes de mudança."
É de notar que o conceito de ginástica cerebral deveria ter esperado até o século 21 para ser conhecido. Nenhuma outra civilização assistiu às grandes e rápidas divisões e mudanças entre gerações para que uma significante quantidade de conhecimentos aprendidos entre gerações de progenitores possa estar desatualizada para a próxima geração, criando a necessidade de assimilar rapidamente novas experiências de aprendizagem e elaborar novos circuitos cerebrais de processamento de informação para uma atualização generacional. Como o homem está transformando sua civilização de sectária a global, de uma sociedade com conhecimentos limitados a uma evolutiva e baseada no conhecimento, ele vai ter que criar entornos que produzam cérebros mais saudáveis capazes de manter uma habilidade de aprendizagem contínua. Argumentando a possibilidade de que a ginástica cerebral exige níveis de plasticidade tão significantes que o funcionamento cerebral pode ser aprimorado ou reabilitado pela manipulação de influências ambientais e que elas, por sua vez, vão continuar a afetar a plasticidade cerebral e a habilidade de aprendizagem em um círculo sem fim.
A ginástica cerebral implica que, devido às maravilhas da plasticidade cerebral, a capacidade de aprendizagem deve necessariamente conduzir a um grande domínio da capacidade. Porém, sabemos que, apesar de uma inteligência e instruções adequadas e a oportunidade necessária para praticar, algumas pessoas não podem dominar as habilidades que aprendem.
Por exemplo, as pessoas com dislexia têm sérias dificuldades para ler, as pessoas com disgrafia, para escrever, e as pessoas com discalculia, para fazer cálculos aritméticos. Realizando uma grande proeza, muitas dessas pessoas mostram uma extraordinária habilidade de compensação e, apesar da deficiência nas habilidades de leitura, escrita e aritmética, elas conseguem alcançar objetivos que requerem essas mesmas habilidades. Essas pessoas usam o que está disponível no ambiente para compensar sua incapacidade cerebral de dominar uma determinada capacidade. Por exemplo, uma pessoa com dislexia orientará sua capacidade de leitura ouvindo textos orais de professores e progenitores. Seu cérebro aprende a processar a linguagem escrita de uma forma totalmente diferente que outros cérebros, que podem decodificar letras e sons por conta própria. Essa compensação acontecerá quando o ambiente (progenitores, escolas, bibliotecas, editoras) proporcione suficientes materiais para ler. Portanto, a ginástica cerebral implica a capacidade do cérebro de contar com mais de um estilo de aprendizagem e uma estratégia de resolução de problemas. Como salientado no exemplo anterior, o desenvolvimento desses circuitos alternativos de processamento de informações é impossível na ausência de importantes contribuições do ambiente. Porém, um objetivo funcional claro também é fundamental para possuir um cérebro saudável. Para terminar com nosso exemplo de dislexia, o objetivo é entender o significado geral abordado no texto escrito, não apenas ter sucesso na leitura de palavras e letras individuais. Em resumo, a ginástica cerebral tem mais probabilidade de se desenvolver quando o ambiente proporciona várias fontes de informação paralelas. Em nosso exemplo, seriam tanto o texto escrito quanto sua leitura oral. Porém, apesar de que esse entorno mais valioso seja mais favorável à aprendizagem e melhore a estrutura, organização e funcionamento cerebral, isso não é suficiente. A pesquisa na área da plasticidade cerebral também nos ensinou que, para ter êxito, a aprendizagem deve conferir ao aluno uma vantagem comportamental para sobreviver.
O maior desafio para a validação do conceito de ginástica cerebral está representado pelo desânimo associado às doenças neurodegenerativas, tais como o Alzheimer. A questão de se todos os cérebros humanos podem alcançar um nível saudável e continuar aprendendo e se deselvolvendo para sobreviver será, no futuro, investigada com as ferramentas da neurociência, psicologia, medicina, educação e as ciências sociais. Esta pesquisa guiará neurocientistas, pais, educadores, psicólogos, nutricionistas, médicos e governos para desenhar entornos adequados para o contínuo desenvolvimento de um cérebro saudável e de bom funcionamento para todos os indivívuos de todas as idades.
Referências
Horowitz-Kraus T, Breznitz Z. - Can the error detection mechanism benefit from training the working memory? A comparison between dyslexics and controls- an ERP study - PLoS ONE 2009; 4:7141.
Evelyn Shatil, Jaroslava Mikulecká, Francesco Bellotti, Vladimír Burěs - Novel Television-Based Cognitive Training Improves Working Memory and Executive Function - PLoS ONE July 03, 2014. 10.1371/journal.pone.0101472
James Siberski, Evelyn Shatil, Carol Siberski, Margie Eckroth-Bucher, Aubrey French, Sara Horton, Rachel F. Loefflad, Phillip Rouse. Computer-Based Cognitive Training for Individuals With Intellectual and Developmental Disabilities: Pilot Study - The American Journal of Alzheimer’s Disease & Other Dementias 2014; doi: 10.1177/1533317514539376 corporativelanding_CapacidadCerebral_12
Preiss M, Shatil E, Cermakova R, Cimermannova D, Flesher I (2013) Personalized cognitive training in unipolar and bipolar disorder: a study of cognitive functioning. Frontiers in Human Neuroscience doi: 10.3389/fnhum.2013.00108. corporativelanding_CapacidadCerebral_13
Haimov I, Shatil E (2013) Cognitive Training Improves Sleep Quality and Cognitive Function among Older Adults with Insomnia. PLoS ONE 8(4): e61390. doi:10.1371/journal.pone.0061390
Shatil E (2013). Does combined cognitive training and physical activity training enhance cognitive abilities more than either alone? A four-condition randomized controlled trial among healthy older adults. Front. Aging Neurosci. 5:8. doi: 10.3389/fnagi.2013.00008 corporativelanding_CapacidadCerebral_15
Shatil E, Metzer A, Horvitz O, Miller A. - Home-based personalized cognitive training in MS patients: A study of adherence and cognitive performance - NeuroRehabilitation 2010; 26:143-53.
Korczyn AD, Peretz C, Aharonson V, et al. - Computer based cognitive training with CogniFit improved cognitive performance above the effect of classic computer games: prospective, randomized, double blind intervention study in the elderly. Alzheimer's & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association 2007; 3(3):S171.
Shatil E, Korczyn AD, Peretzc C, et al. - Improving cognitive performance in elderly subjects using computerized cognitive training - Alzheimer's & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association 2008; 4(4):T492.
Verghese J, Mahoney J, Ambrose AF, Wang C, Holtzer R. - Effect of cognitive remediation on gait in sedentary seniors - J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2010 Dec;65(12):1338-43. corporativelanding_CapacidadCerebral_20